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O que é cidadania digital e por que ela deve ser tratada na escola

Uso crítico e responsável da tecnologia inclui reflexão e discussão de temas como privacidade de dados, fake news e ciberativismo

Com o avanço da tecnologia, principalmente durante a pandemia, as pessoas passaram a utilizar o ambiente digital cada vez com mais intensidade e de forma mais ampla no dia a dia. Esse uso foi ampliado na escola, no trabalho e no lazer, entre tantas outras áreas. Mas, assim como acontece no mundo físico, para que a atuação no mundo virtual possa acontecer de maneira ética, consciente e segura, é preciso ter alguns cuidados e seguir algumas normas. É aí que entra a cidadania digital

Você sabe o que é cidadania digital? Neste texto, vamos falar sobre o conceito e a importância de discutir esse assunto em sala de aula.  

O que é cidadania digital 

A cidadania digital é “o desenvolvimento contínuo de normas de uso apropriado, responsável e capacitado da tecnologia”, na definição do educador Mike Ribble. Ele é autor do livro “Digital Citizenship in Schools” (Cidadania Digital nas Escolas, em português), no qual busca auxiliar educadores a abordarem o tema com os estudantes.  

Dessa forma, a cidadania digital diz respeito ao uso responsável das ferramentas e recursos tecnológicos no ambiente virtual. É necessário compreender que ações e atitudes tomadas, como a exposição de dados e de informações, podem ter impactos e consequências para si e para os outros. 

O fato é que, como em todos os aspectos da vida, também na área digital há direitos e deveres. 

Entre os direitos, está o de nos expressarmos, interagir com as pessoas, produzir conteúdos, ter segurança nos acessos e controlar a privacidade do que postamos. Já do lado dos deveres, podemos citar o agir de forma educada com os outros internautas, não expô-los a situações constrangedoras e não criar ou compartilhar notícias falsas, as já famosas fake news.  

Em um portal voltado à educação de crianças e jovens, o Plenarinho, a Câmara dos Deputados detalhou temas relativos à cidadania digital. Veja abaixo alguns deles. 

Segurança digital 

O texto lembra da necessidade de saber proteger os dados pessoais, de aprender a criar senhas fortes e guardá-las de forma segura. Ainda menciona a importância de saber reconhecer “e-mails mal-intencionados, sites falsos e outras formas de golpe na internet”.  

Privacidade 

No texto publicado pelo Plenarinho, a Câmara ressalta a importância de não tornar público aquilo que só diz respeito à própria pessoa. Isso inclui “endereço, e-mail, telefone, dados de familiares, fotos com roupas íntimas” e as rotinas. O portal destaca que a divulgação de tais dados pode expor os cidadãos a pessoas ou grupos mal-intencionados, que podem usar as informações até para praticar crimes.  

Direitos autorais 

Eles são os direitos de reprodução de um trabalho e/ou a geração de licença da sua própria criação e ou trabalho, respeitando a propriedade de quem criou. Eles estão previstos na Constituição, no artigo 5º, inciso XXVII. Ele diz: “Aos autores pertence o direito exclusivo de utilização, publicação ou reprodução de suas obras, transmissível aos herdeiros pelo tempo que a lei fixar”.  

Ciberativismo 

O ativismo digital, ou ciberativismo, consiste em se posicionar em relação a causas e ideias que a pessoa avalie como importantes. Entre as maneiras de promovê-lo, estão escrever e/ou assinar petições, promover manifestos e mobilizações, publicar vídeos, fazer doações. Mas o portal da Câmara destaca duas atitudes importantes:  

– estar bem-informado sobre as causas que pretende defender; 

– fazê-lo com responsabilidade, ética e respeito. 

A cidadania digital e a BNCC 

Ao ser parte integrante do cotidiano, o uso da tecnologia também está presente na Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Pelo menos três das dez competências gerais da Base fazem referência ao tema. São elas: 

Competência 1: Conhecimento. Ela aborda os conhecimentos historicamente construídos sobre o mundo físico, social, cultural e digital para entender e explicar a realidade. Ela prevê que o objetivo é “colaborar para a construção de uma sociedade justa, democrática e inclusiva”.  

Competência 2: Pensamento científico, crítico e criativo. Na BNCC, essa competência aparece com o objetivo de criar soluções, inclusive tecnológicas, para a resolução de problemas. 

Competência 5: Cultura digital. Essa é a competência mais relacionada ao tema da cidadania digital. Ela destaca a necessidade de “compreender, utilizar e criar tecnologias digitais de informação e comunicação de forma crítica, significativa, reflexiva e ética nas diversas práticas sociais, incluindo as escolares, para se comunicar, acessar e disseminar informações, produzir conhecimentos (…) e exercer protagonismo e autoria na vida pessoal e coletiva.” 

Por que falar de cidadania digital nas escolas 

Segundo a BNCC, a expansão da cultura digital impõe à escola novos desafios relacionados à cultura digital, como estimular a reflexão dos estudantes em relação aos conteúdos consumidos e produzidos e à multiplicidade de recursos tecnológicos disponíveis.  

O ambiente escolar também deve prepará-los para o uso crítico e democrático das ferramentas tecnológicas e para uma participação mais consciente na cultura digital. Nesse contexto, devem ser abordadas as novas questões trazidas por esse universo e relacionadas ao comportamento na internet, como segurança digital, privacidade de dados, inclusão digital, direitos autorais, identificação de notícias falsas, cyberbullying e ciberativismo. 

Ao estar alinhada com a cultura digital e as questões que a envolvem e afetam diretamente o cotidiano dos alunos, a escola se torna mais significativa e contribui para uma relação mais ética e saudável com o espaço digital. 

No site que complementa seu livro, Mark Ribble escreve que, com frequência, “vemos estudantes e adultos usando e abusando da tecnologia, mas não temos certeza sobre o que fazer” para orientá-los.   

Segundo o educador, essa questão é “mais sobre o que os usuários não sabem, mas o que é considerado uso apropriado da tecnologia”. Por isso, defende a necessidade de preparar estudantes e usuários de tecnologia para uma sociedade repleta de… tecnologia.  

Seguindo nessa linha, descubra neste texto como fazer bom uso dos recursos digitais para aumentar o engajamento dos jovens.